sexta-feira, 4 de junho de 2021

Escrevendo com a luz

 Em 2015 viajei para Taos, New Mexico, USA.

Taos é uma pequena cidade com cerca de seis mil habitantes no meio do Velho Oeste; porém é uma cidade altamente cultural com galerias de artes plásticas, de fotografia , etc...

Também é um local para onde vão pessoas que lidam com criatividade, na busca de revisão de conceitos, novos rumos, novas possibilidades ...

Não foi diferente comigo. 

Como escritor de ficção cientifica viajei com este propósito. E lá entrei em contato com a sociedade literária local, a quem ofereci um exemplar de um livro de minha autoria.

Foi nesse momento que me dei conta do pouco alcance da língua portuguesa.  O resto do dia, bem, é melhor nem falar. 

Porém, no dia seguinte acordei com outro olhar. Outro olhar para a paisagem do deserto e das montanhas. Um deserto exuberante !  Exuberante ?  Sim, com áreas de pequenas flores criando superficies sutilmente coloridas.  Rochas revelando suas texturas e suas formas sob a luz de Taos.  O horizonte a perder de vista diluindo as formas das montanhas mais longinquas.

Bem, e como falar de tudo isso ?

Antes que me desse conta, estava fotografando não mais como turista mas como escritor. Fotografar como escritor ?

Sim, a palavra "Fotografia" significa literalmente "Escrever com a Luz".  E é uma linguagem universal.

Comecei a usar  a luz para expressar e desvendar os mistérios da "arquitetura da natureza" ou no dizer dos índios locais, expressar a essencia da obra do Grande Espirito

E, logo a seguir, descubro a pintora Georgia O'Keeffe que viveu em Taos e procurou a fronteira entre a abstração e a figura em suas pinturas cuja temática era a paisagem da qual falei.  Sua obra foi um ótimo guia para os primeiros passos de uma caminhada que pretendo seja bem longa.